sexta-feira, 30 de abril de 2010

VALENTE NEGRO DISCUTE ESTATUTO


A Diretoria do Grêmio Recreativo e de Cultura Popular Boi-Bumbá Valente Negro irá reunir neste próximo domingo, 02 de maio de 2010, a partir das 10 horas, os seus brincantes e fundadores, representantes de grupos culturais populares, militantes dos movimentos sociais, artistas plásticos, atores, produtores culturais, professores, mestres da cultura popular, moradores e lideranças comunitárias dos Bairros Marcos Freire, Ronaldo Aragão e Ulisses Guimarães, na sede do Centro Espírita Abaçá de Odé, localizada à Rua Cachoeira do Itapemirim Nº. 2057, no Bairro Marcos Freire, para realizar a Assembléia que irá discutir e aprovar o estatuto do bumbá caçula de Porto Velho, já conhecido em sua área sob o codinome “Colosso de Rondônia”.

Segundo o Presidente da associação cultural, Senhor Francisco Semão Neto, o popular Pai Francisco, com esta atividade, que promoverá a discussão e a aprovação do estatuto, a entidade estará habilitada legalmente para encaminhar as ações burocráticas do bumbá, objetivando o batismo e a primeira apresentação ofical do Boi-Bumbá Valente Negro, grêmio cultural que promete ser a coqueluche da Zona Leste, afirma Diretoria.

Para Diretoria, brincantes e colaboradores, o bumbá Valente Negro nasce com a nobre missão de fortalecer e preservar a brincadeira de boi, garantindo a perpetuação do folguedo como um grande patrimônio cultural da nossa cidade.

Para atingir seus objetivos com estrondoso sucesso, a Diretoria do “Colosso de Rondônia” trouxe para compor sua equipe de trabalho, personalidades de peso do segmento sociocultural como Ariel Argobe, Lú Silva, Denise Limeira, Professora Marta Reis, representantes e militantes do Núcleo LGBT da Zona Leste, do Movimento Negro e regueiro, assim como, artistas e mestres dissidentes do boi-bumbá contrário Vencedor, sediado naquela região, além de contar com o empenho primoroso de toda família do Presidente do grêmio.

terça-feira, 27 de abril de 2010

ENSAIOS DO BOI-BUMBÁ ESTRELINHA





A Diretoria da agremiação de cultura popular Boi-Bumbá Mirim Estrelinha, grupo folclórico criado em 1984, está convocando seus brincantes e convida admiradores e amantes deste tradicional folguedo de bumbá, para participarem dos ensaios do Estrelinha, que vem acontecendo de segunda à segunda, no curral localizado à rua Embutirama, nº 2997, bairro Ulisses Guimarães.

A Diretoria destaca a importância do empenho de todos os brincantes, batuqueiros, artistas e mestres, objetivando uma grandiosa e inesquecível apresentação, contagiada de muita emoção, desse boi-bumbá mirim que habita o coração da Zona Leste.

O Estrelinha é o grêmio cultural mirim que tem a responsabilidade de representar e defender toda a comunidade dos Bairros Ulisses Guimarães, Marcos Freire e Ronaldo Aragão na XXIX Mostra de Quadrilhas e Bois-Bumbás, que acontecerá durante a realização do Arraial Flor do Maracujá, entre 25 de junho e 04 de julho deste ano.

Segundo a Presidente do Bumbá Estrelinha, D. Edna, dentro da sua equipe de artistas, colaboradores, batuqueiros e brincantes, existem nomes de peso como Edson e Adriano Sarmento de Souza, Agripino Dias Brasil, popularmente conhecido como Sardinha, e que todos já estão trabalhando diuturnamente para contar e cantar na arena do maior arraial da Região Norte, o tema que o Mestre Nélio Ariano está desenvolvendo, sob extremado segredo.

A equipe composta de artesãos e artistas garante que o Estrelinha vai desenvolver uma história que, sem sobra de dúvidas, contribuirá com a preservação e a perpetuação dos nossos gloriosos folguedos de bois-bumbás.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Revisitando Artigos Polêmicos




Com o propósito de incrementar e qualificar as postagens deste blog e, desta feita, contribuir com a discussão e a reverberação de temas que considero interessantes para o debate entre amigos, colaboradores e visitantes desta página, passarei a reeditar alguns artigos veiculados na mídia local há algum tempo, quase sempre escrito em parceria de amigos, tratando de temas e fatos que causaram burburinho no segmento cultural das terras tupiniquim. Iniciando esta série, postamos o artigo a seguir, analisando a apresentação do pianista Arthur Moreira Lima no bairro Esperança da Comunidade, em Porto Velho, no dia 18 de maio de 2006:

A propósito da ESQUERDA e da DIREITA, do CENTRO e da PERIFERIA



Por:
Ariel Argobe e Roberto Farias (*)

Neste mês de maio, a apresentação do renomado pianista Arthur Moreira Lima em Porto Velho completou um ano. O concerto foi realizado no bairro Esperança da Comunidade, zona leste da cidade, por decisão dos então dirigentes da Fundação Iaripuna. A escolha do local gerou inúmeras e inesperadas reações.

Algumas pessoas acreditavam que o local escolhido não era o mais apropriado por tratar-se da periferia, portanto exposto aos riscos da violência urbana, segundo a lógica que afirma existirem locais seguros e zonas estritamente violentas em Porto Velho. Outros diziam que era "jogar pérolas aos porcos" levar a música erudita para pessoas que naturalmente teriam preferência por gêneros musicais populares. A ocasião serviu para expor as diferenças entre os diversos "brasis", entre as diversas "portovelhos".

Serviu para conhecermos melhor a nossa cidade, nossos bairros populares e seus moradores, nossos dirigentes, os agentes culturais locais e suas posições ideológicas.

Aproveitamos a presente ocasião para contribuir para o debate sobre o apartheid sociocultural que vigora em nossa comunidade, seus riscos e possibilidades de alteração da situação vigente a partir da implementação efetiva – não apenas discursiva – de políticas públicas centradas na inclusão sociocultural como elemento efetivo na busca por uma sociedade equilibrada, justa e democrática.

Antes, porém, gostaríamos de fazer referência a uma recente reportagem publicada na revista Caros Amigos, onde diversos representantes de diferentes segmentos da sociedade tentam responder à pergunta "O que é ser de esquerda?". Na excelente matéria, o publicitário Celso Loducca nos lembra, por exemplo, que muitas das bandeiras da esquerda tornaram-se, ao longo dos anos, "pautas da humanidade". E tal situação tem levado muitos a concluir, apressadamente, que não existe mais uma esquerda e uma direita propriamente ditas. Da mesma forma, o discurso pós-moderno nos diz que os conceitos de "centro" e "periferia" foram, ou estão sendo ressignificados, na medida em que nem tudo o que ocorre no centro reverbera, qual ondas concêntricas, na periferia. Tal raciocínio leva muitos a apregoar o fim da divisão entre centro e periferia.

Se, na sociedade globalizada, pós-moderna, fica cada vez mais difícil identificar claramente posturas oriundas de uma posição à esquerda ou à direita, do centro ou da periferia, no âmbito da nossa circunvizinhança é sim possível, ainda, identificá-las, como no caso do concerto de Arthur Moreira Lima em Porto Velho.

O projeto Um Piano pela Estrada – Nos Caminhos da Fronteira, financiado pela Caixa Econômica Federal e Petrobrás, através da Lei Rouanet, levou a várias cidades brasileiras fronteiriças, desde a região Sul até a Amazônia, um dos artistas da música erudita atual mais conhecidos, considerado uma das mais importantes personalidades da nossa cultura. Arthur Moreira Lima projetou-se internacionalmente a partir do Concurso Chopin de Varsóvia e, desde então, o artista tem feito turnês em todos os continentes, com grandes salas lotadas. Reconhecido e elogiado pela crítica especializada, o pianista tem-se apresentado em importantes eventos, a partir de grandes formações sinfônicas mundialmente renomadas.

Em Porto Velho, em princípio, os organizadores do evento demonstraram interesse de desenvolver os projetos em uma aldeia indígena. A Fundação Iaripuna, então, a pedido da AML. Cultural, manteve contatos com lideranças indígenas karitiana e representantes da FUNAI para estudar a possibilidade de atender à solicitação. As condições de acesso das estradas vicinais e as dificuldades estruturais, em particular a falta de energia elétrica, fizeram com que essa idéia inicial fosse abandonada. Foi nesse contexto – e levando à risca a orientação de "governar da periferia para o centro", compromisso assumido em campanha pelo então candidato de esquerda Roberto Sobrinho – que os organizadores locais escolheram, sem pestanejar e sem máscaras, o campo anexo à Associação dos Moradores do bairro Esperança da Comunidade para a realização de tão significativo evento.

O local contemplado tem uma população de perfil socioeconômico que coadunou com a proposta do Projeto Um Piano pela Estrada – Nos Caminhos da Fronteira, concerto popular de piano com cunho didático.

Qual não foi a surpresa quando algumas pessoas direta ou indiretamente ligadas ao segmento cultural opuseram-se ferozmente contra o local escolhido. A imprensa anunciou o evento, mas com ressalvas. E mesmo pessoas muito próximas ao prefeito de esquerda também tomaram posições, ora questionando, ora ironizando e até mesmo torcendo para que algo desse errado. Houve quem entrasse em contato com a AML Cultural, executora do projeto, alertando para os riscos que o local, na sua opinião, apresentava. Contaminado por essas idéias preconceituosas, o produtor do evento, de última hora e numa manobra forçada, tentou mudar o local da apresentação para o centro da cidade, alegando risco de roubo dos equipamentos. Um professor da Universidade Federal de Rondônia foi à Fundação Iaripuna apresentar-se indignado, colocando-se à disposição para conseguir "um local mais apropriado". Diante da negativa, o professor quis saber se a Prefeitura estava preparada para indenizá-lo, caso o seu Corola fosse danificado ou roubado.

Como se pode perceber as pressões foram grandes, mas contrariando todos os agouros, vivemos, naquela noite de 19 de maio de 2006, um momento mágico: uma belíssima apresentação sorvida com emoção por um público educadíssimo, plural, multifacetado, que guardará para sempre a lembrança de um evento raro, realizado no bairro de sugestivo nome: Esperança da Comunidade.

Localizado entre as Zonas Norte e Leste de Porto Velho, o bairro Esperança da Comunidade surgiu a partir da década de 80, com a instalação de famílias oriundas de lugares diversos, como: zona rural, zona ribeirinha, região Nordeste, garimpos do rio Madeira e Bom Futuro, e aventureiros de toda ordem. Com o passar dos anos, a região foi ganhando ares urbanos, por exemplo, com o asfaltamento das principais vias, construção de escolas, postos de saúde, delegacia de polícia, quadras de esporte, igrejas dos mais variados credos, conjunto habitacional e o surgimento de um pujante comércio formado por grupos empresariais consolidados na cidade. De forma que ali vive hoje aproximadamente um terço da população de uma cidade que atinge atualmente cerca de 400 mil habitantes.

Esse episódio parece provar que, infelizmente, ainda estamos longe da situação ideal em que não haverá mais centro e periferia, esquerda e direita, ou estratificação social.

A propósito da esquerda e da direita, a jornalista Tereza Cruvinel, na referida matéria da Caros Amigos, numa citação atribuída a Simone de Beauvoir, diz: "Se lhe apresentarem um homem que se apressa a dizer que não vê diferença entre esquerda e direita, tenha certeza de estar falando com um homem de direita".

* Ariel Argobe – artista plástico e membro do Grupo Cidade, Cultura e Inclusão. Roberto Farias (in memória) – professor e membro do Grupo Cidade, Cultura e Inclusão.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O SALÃO DE ARTES PLÁSTICAS DE RONDÔNIA:

Desconstrução e reconstrução do olhar

Por:
Ariel Argobe (*)

O Salão de Artes Plásticas de Rondônia – SART, que acontecerá no período de 11 de setembro a 17 de outubro de 2010, é o maior acontecimento do Estado voltado para a produção mais representativa das linguagens contemporâneas em artes visuais, reunindo artistas locais e de outras regiões do país, cujos trabalhos sinalizam na direção da pesquisa, da experiência, da reflexão e da busca de novos conceitos no exercício do pensamento plástico rondoniense.

Editado pela primeira vez em 1992, o SART hoje, na sua décima terceira edição, aponta na direção do amadurecimento do discurso visual local, consolidando uma trajetória de confrontos e conflitos entre o que se produz aqui, e agora, e as tendências e movimentos vindos das grandes metrópoles e de regiões mais desenvolvidas do país, cujo discurso visual se espraia nos conceitos e perscrutações do comportamento plástico dito vanguardista e atualizado ao nosso tempo.

Em suas primeiras edições, como era de se esperar, o SART enfrentou a reação furiosa e desdenhadora do público e do artista local, acostumados com a ditatorial arte em moldes acadêmicos que aqui reinou por longas décadas, fazendo-se representar por obras concebidas, quase sempre, na técnica tinta óleo sobre a clássica tela de tecido esticado em chassi de madeira, assinadas por artistas consagrados como Afonso Ligório e José Fona e, mais recentemente, Irai de Oliveira, Aquênia Lira, dentre outros nomes expoentes da representação acadêmica. Público e artista de olhar conservador, cuja experiência e contemplação máxima com as artes visuais se limitavam, até então, e na maioria das vezes, à participação na missa dominical da Catedral do Sagrado Coração de Jesus, correndo o olhar nos afrescos de Padre. Ângelo Cerri e de seus pupilos que, ainda na primeira metade do século XX, foram os responsáveis pela decoração das naves principal e co-laterais da Catedral de Porto Velho. Um público alfabetizado ao sabor das formas e regras visuais das academias clássicas, somando gosto estético com um grupo de artistas abarcados pelos conceitos da concepção artística academicista. Pensamento cultural, estilo de vida e acontecimento artístico que convergiam para o bucolismo da paisagem amazônica e a vida pacata daquela Porto Velho de então, cravada na selva, muito longe dos grandes centros urbanos do país.

É nesse contexto que há mais de dez anos se instalou o instigador e irrequieto SART. Não que aqui já não houvesse atitudes, ainda que solitárias, rumando na direção de um discurso plástico universalizador, com clara tendência contemporânea. Alguns artistas e exposições já anunciavam, isoladamente, verdadeiras experiências visuais de proa - falando num bom ‘caboquês’. Citamos, a exemplo, a exposição montada no Saguão da Caixa Econômica Federal, em 1994, denominada de A Arte Amazônica Universal, que decididamente apontava na direção de novas experiências, ainda que materializada com objetos artísticos das clássicas linguagens da pintura e do desenho ou, melhor dizendo, do desenho pintado e da pintura desenhada.

O Salão de Artes Plásticas de Rondônia é uma atitude da instituição pública do Estado, responsável pela gestão e desenvolvimento das políticas para o campo artístico que, a partir daquela primeira edição, traz para si, reunido e organizado na forma de salão, o discurso plástico de vanguarda que se vislumbra em terras karipunas e karitianas. E, mais do que isto, o SART se instalou, muito provavelmente, sem consciência de sua mais nobre missão: a afirmação de novos ideais estéticos, ainda que fincados numa caminhada sem pressa, na direção da desconstrução paulatina de olhares e atitudes acadêmicas, dissolvendo estruturas conservadoras e superando, desta feita, o academismo aqui tardio e duradouro.

Como divisor de águas, o Salão acomoda na gaveta da insipiente história das artes visuais de Rondônia, reconhecendo suas contribuições e seus valores estético-históricos, nomes abarcados pelos conceitos e atitudes acadêmicas. Artistas pioneiros, consagrados e reconhecidos pelo público local, como nossos grandes e primeiros mestres de um estilo clássico tardio.

O SART abre a cortina da estética do presente, do mundo contemporâneo, do agora. Ao público apresenta ‘novos artistas’ comprometidos com a construção de novos olhares, cuja atitude plástica do objeto traduz o pensamento incentivador da pesquisa, da busca de comportamentos visuais inovadores que possibilitem a ruptura com a tradição. Reapresenta para sociedade ‘beradera’ o objeto artístico local, ressignificado, construído ou reorganizado com novas regras do discurso estético que traduz melhor a nossa nova realidade artística, incorporando, no objeto de arte, elementos e pensamentos das vanguardas dos grandes centros urbanos do país, relidos no contexto local do imaginário caboclo, que vê expandir, diante de si, uma nova cidade, emoldurada por novas megas obras arquitetônicas, anunciadoras de uma nova era, de um novo tempo para a urbe tupiniquim, que agora se define com claras linhas e edificações urbanísticas do futuro presente. Uma nova cidade, invadida por milhares de novos olhares e gostos estéticos, consumidores ávidos de um novo tempo.
A arte apresentada nas últimas edições do SART é marcada pela diversidade da concepção de idéias, de novas tecnologias e matérias, ‘visibilizando’ o artista com posturas inovadoras e seus objetos de arte construídos não somente com materiais tradicionais, como o óleo sobre tela, mas concebidos também com qualquer outro tipo de material disponível no seu entorno, retirado do cotidiano urbano, das florestas e rios. Artistas de ação renovadora, que tornam possível a criação e recriação do objeto de arte com definições ainda mais radicais, como a arte conceitual, a arte performática, a intervenção urbana e mídia contemporânea. Com isso, amplia-se o conceito de arte, que passa a incluir, além de objetos palpáveis, idéias e ações. Uma nova arte que estabelece interface com outras ciências do conhecimento, refletindo conflitos e indagações da sociedade pós-moderna.

* Artista plástico; membro do Fórum de Discussão Grupo Cidade, Cultura e Inclusão – GCCI; membro do Setorial de Cultura do Partido dos Trabalhadores de Rondônia.

PT DE GUAJARÁ-MIRIM PARTICIPA DE ENCONTRO POLÍTICO COM EVO MORALES

Profa. Lília Ferreira, Presidente PT/GM O Presidente da Direção Regional do Movimiento al Socialismo - Instrumento Político por la Soberanía...